terça-feira, 26 de março de 2019

Ontem.

 

  Te conheci ontem, quando ainda era apenas um bom presságio que me fazia sorrir ao caminhar pela escola.

  Te ignorei sem nunca te reconhecer, me pareceu tão esnobe, eu não quis aceitar.
  Retirei-lhe a capa e seu sorriso no nada me fez reaver o sentido da vida.
  Me apaixonei ainda assim "ontem"quando não tinha nenhum direito de me apaixonar.
  E o tempo guarda tantos dias de "ontem" quando te via passar e o coração só sentia e assentia que era o único.
  E ainda ontem ri do fato do tempo ter passado e ser sempre você.
  Que raiva eu tenho de nunca ter esquecido você!
  Ainda ontem chorei de saudade, mesmo caminhando ao seu lado nessa estrada de sonho.
  Quantas chuvas de realidade querendo ferrar nossos planos.
  Ainda ontem passei ao seu lado por lugares que representaram tantos amores que hoje julgo desimportantes.
  Eu não lembrei de nada, até deitar minha cabeça ao travesseiro e perceber que não nasci ontem.
  Eu ainda olho em seus olhos no futuro com uma certa esperança.
  Você enxerga o ontem.
  Você enxerga o meu ontem.
  E eu te olho hoje.
  Eu olho para o seu hoje.
  Na busca de renascer.


  O que é essa entrega de anos? Será minha teimosia ou minhas ganas de sofrer?
  O que será perceber que o ontem não faz parte dos meus planos, só se fez acontecer?
  O que é amar sem nenhum engano, de a cada nota entoada ter de agradecer?
  O que é sentir as lágrimas caírem sem sua gratidão, sem ter o que fazer?

  É feio estar na mesma estrada e saber que não posso ainda obter, caminhamos juntos.
  É tudo tão matemático, tão exato e tão duro.
  Me sinto uma plebeia de conto de fadas, nada a oferecer.
  E sinto ódio ao sentir que sempre sou eu que tenho montanhas à mover.
  A quem posso esperar trancada em uma torre? Ninguém me aborda na rua!
  Não sou nada especial para olhos malditos e destreinados em alma nua.



  Tiranos e aflitos, não podem ver!
  Tenho vontade de gritar aos céus:
  O que me importa seu próprio umbigo se você fecha os olhos ...
  Esse sentimento sempre foi doce como mel.
  Esse meu sentimento sempre foi amargo como fel.

  Ainda assim ontem, sentia o sabor em cada passo
  Cada palavra fatiava mais meus anseios
  Que amar já não é mais sentimento de loucos
  E sim daqueles pobres coitados
  Que perderam totalmente a noção.

  Ainda assim ontem chorei de emoção
  Ao brincar com amigos da situação
  Ao dançar sozinha músicas sem palavras
  Ao pensar que pra bom entendedor
  Meia palavra basta.

  Até quando posso interpretar
  A versão compreensiva do meu próprio bem estar
  Trancafiando sentimentos de ontem
  De hoje
  E do futuro!
  Te amar nunca será tão seguro
  Nessa certeza que tua glória
  Sempre estará em uma espécie de vingança
  Ao relembrar que eu fui a criança
  Que ficava parada por horas
  No mesmo lugar
  Não que você me visse
  Mas eu sempre estive lá
  Só pra te ver sorrir
  Só pra te ver passar

  Eu tenho tanta dor
  Eu tenho tanta mágoa
  A vida foi mais ingrata
  Que as mentiras que um "amigo"
  Fez questão de espalhar
  A vida não engana
  Quem se deita em sua cama
  E diz um "eu te amo" seco
  Pode lhe dar o mundo inteiro
  Mas eu ainda seguirei
  Rindo ao seu lado no puro sarcasmo
  Dos pobres coitados que brincam de amar
  Dos pobres infelizes que são gratos
  E não sabem o que é amar.
  E não sabem o que é te amar.
  Hoje
  Ontem
  E assim vai, vai , vai...

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