Eu ando sempre ao lado das vozes que julgam
Definindo as escolhas que os outros fazem
Certas vezes pesando a mão
Certas vezes passando-a por cima de nossas cabeças
Certas vezes atingindo nossa face
Certas vezes abrindo ou fechando portas
As mãos que escolhem entre viver ou morrer, fazer ou não fazer, tentar ou fracassar, guardar ou esconder.
Nunca mostrar! Pois das escolhas apenas se julga! Aquelas que nunca tomamos.
É como provar um doce veneno ao confiar nossas fraquezas à alguém. Nossas escolhas são julgadas e nossas almas declaradas, em cada ato pensado ou impensado, será que os que confio me julgam ser alguém?
Que alguém eu sou quando abro a janela do quarto em mais um dia após acordar? Alguém que julga um quarto sem janelas, alguém que sequer vê paredes ao acordar, alguém que se vê na prisão?
As condições de cada escolha são mostradas com o desenrolar da vida, então por qual razão precisaria de um julgamento alheio ou de opinião?
Quando me julgam de confiança pra abrir suas dores, o que posso falar? Se nem meu próprio destino eu posso prever ou acompanhar? Seria uma escolha permanecer calado pra não machucar.
Nem toda escolha feita é digna de orgulho, mas por trás sempre existem seus motivos.
O que não é nada pra mim, pode ser o mundo de alguém. Como posso julgar? Se cada um sabe o que é seu próprio universo.
Não é se tornar individualista ou egoísta, é se sentir dono de si. Suas escolhas são preciosas, sejam boas ou ruins. E se as julgam, que pecado! Não é esse o sinal que devia estar afastado? Pois quem julga suas escolhas claramente não conhece e nem é capaz de sustentar os seus fardos.